Sistema MRP: Saiba o que é, como funciona e como aplicar?
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Sistema MRP: Saiba o que é, como funciona e como aplicar?

Para uma gestão eficiente de estoque é fundamental que os itens estejam alinhados com todas as áreas do negócio. É provável que, sobre esse tema, você já tenha ouvido falar sobre o sistema MRP.

O sistema MRP é a sigla para o termo Manufacturing Resource Planning, que significa, em português, o planejamento das necessidades materiais. Sendo assim, trata-se de uma ferramenta central para otimizar este processo.

Dado a sua importância na indústria, é interessante conhecer mais sobre o sistema MRP. Nesse artigo iremos explorar esse assunto, desde o significado, até os benefícios e implementação dele. Boa leitura!

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O que é MRP? 

O sistema MRP é responsável pela gestão da necessidade de materiais dentro de um processo de fabricação. Sendo assim, ele é composto por uma base de cálculos que mede indicadores industriais. Alguns deles são:

  • Capacidade de trabalho de um equipamento;
  • Quantidade de matéria-prima necessária para fabricar algo;
  • Tempo de produção.

O objetivo do MRP é ter lista precisa com todos os recursos materiais necessários e suas quantidades ideais para abastecer um meio de produção. Isso se dá por meio da produção dos produtos finais.

Quando surgiu o MRP?

Esse sistema foi desenvolvido a partir de uma necessidade real de planejamento empresarial. Com processos e operações cada vez mais complexas, mais erros aconteciam na cadeia de produção.

Contudo, antes do surgimento do MRP, inúmeras técnicas foram criadas para antecipar pedidos e mensurar insumos. Foram elas:

  • sistema de pedidos semestrais;
  • CPM (Critical Path Method);
  • ERT (Program Evaluation and Review Technique);
  • PLC (Power Line Communication);
  • Entre outros.

No fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, os avanços tecnológicos e a urgência em otimizar tempo e recursos, possibilitaram a criação de um sistema de controle de inventário e produção totalmente novo, que conhecemos hoje como MRP.

Com o passar do tempo, essa ferramenta ganhou mais complexidade, gerando o MRP I e II, que você verá nos tópicos a seguir.

Como funciona o MRP?

O sistema de planejamento das necessidades materiais funciona a partir do backward scheduling. Isso quer dizer que o planejamento começa do produto finalizado e volta em cada etapa de produção, a fim de estipular prazos e a quantidade de materiais. 

Mas, como isso é feito na prática? Por meio de um software de gestão, a companhia insere informações que permitem a projeção de quantidade de materiais e a alocação de cada um. 

Normalmente, existem variações nos resultados, já que os dados mudam conforme a empresa e suas atividades. Contudo, há informações gerais, comuns a todos os empreendimentos:

  • estrutura do produto: quantidade dos componentes do produto;
  • tempo de reposição: média de tempo entre a chegada do pedido e recebimento do material;
  • tempo de fabricação: tempo total de produção;
  • tamanho do lote de fabricação: quantidade geral de cada item;
  • tamanho do lote de reposição: quantidade necessário dos itens para a otimização da produção;
  • estoque mínimo: quantidade mínima de produto é necessário ter em estoque;
  • estoque máximo: quantidade máxima de estoque necessária para que a curva de demanda não fique abaixo da curva de oferta.

Para que o MRP funcione corretamente, é importante que os gestores considerem possíveis obstáculos na estrutura da empresa. 

Caso alguma etapa da cadeia de produção seja instável, pode ser uma boa solução criar reservas nos parâmetros de tempo ou de material para evitar imprevistos.

Assim que os dados são inseridos no software do MRP, ele projeta quais insumos serão utilizados, quantos deles serão necessários e onde cada um deles entra na produção.

MRP I e MRP II

Dentro do universo do sistema MRP, existe o MRP I e o MRP II. As duas modalidades de MRP funcionam em conjunto, de forma complementar. No entanto, existem algumas diferenças que valem ser pontuadas.  

MRP I: Material Requirements Planning

O MRP I significa Material Requirements Planning. Sendo assim, se trata de um sistema  que calcula o que deve ser produzido na fábrica. 

Por outro lado, não considera questões como a capacidade produtiva da empresa. Os sistemas de MRP I envolvem uma série de elementos como, por exemplo, gestão de pedidos, revisões de demanda e um plano mestre de produção.

MRP 2: Manufacturing Resource Planning

Já o MRP II diz respeito ao Manufacturing Resource Planning, mais completo que o primeiro. Isso porque ele considera não só a quantidade que é precisa para fabricação mas também a capacidade da empresa para que isso se torne possível.

Entre seus elementos no sistema, ele leva em conta recursos alternativos, tabela de recursos de produção disponíveis, calendário de disponibilidade de cada recurso e o cálculo da capacidade produtiva de cada máquina.

Além disso, também considera a linha do tempo de produção para cada item fabricado, os roteiros de produção com prazos e métodos para cada etapa e a sequência de ordens.

Benefícios do MRP

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O sistema MRP tem uma série de vantagens importantes a serem exploradas, desde a redução de tempo de processamento de dados até o aumento de confiança nas informações e decisões da empresa. 

Reduz tempo de processamento de dados

Em primeiro lugar, o MRP reduz o tempo de processamento de dados de uma empresa. Isso porque ao ter todas as informações necessárias no MRP, o processamento fica mais ágil. 

Logo, todo o trabalho ficará por conta do sistema. Caberá apenas a tomada de decisão ao gestor.

Torna o planejamento mais certeiro

O sistema MRP garante que as empresas tenham um planejamento de produção mais apurado. Os dados em tempo real de ocorrências no estoque e nas linhas produtivas fazem com que a visão seja mais assertiva sobre o negócio.

Ao mesmo tempo,  a automatização de todas as etapas do planejamento permite que todas as análises de compra e estoque sejam feitas com base nos dados coletados. Isso vai fazer com que se reduza a margem de erros

Deixa a produção mais estratégica

Uma produção mais estratégica é muito importante e o sistema MRP ajuda nisso. Dessa forma, ele permite que os colaboradores sejam mais ativos na execução das ações.

Ao mesmo tempo, os colaboradores não precisam se preocupar com a falta de materiais, já que o controle está sendo feito de forma automatizada.

Aumenta a confiança nas informações e decisões

Informações mais assertivas trazem decisões mais assertivas. Sendo assim, um bom planejamento depende de dados que sejam de confiança e atualizados. 

Logo, é através de informações de estoque, de produção e de planejamento do MRP, que as decisões ganham força. 

Ao conseguir ser mais veloz nas decisões, tem-se um ganho na relação com os fornecedores, mostrando mais credibilidade no negócio.

Redução de gastos

Por último, o sistema MRP também favorece uma redução de gastos da empresa. Isso se torna possível porque ele proporciona respostas mais rápidas à produção de acordo com a demanda do mercado.

Sendo assim, ele consegue reduzir o volume de estoque e diminuir o tempo ocioso de produção. Isso, por sua vez, vai impactar de forma direta na redução de custos.

Como é calculado o MRP?

Para entender o MRP e seu cálculo, vamos te mostrar o passo a passo dessa operação. Acompanhe a seguir.

Plano mestre de produção

Esse plano pode ser definido a partir das informações de pedidos de venda — contidos no programa de entregas aos clientes —, ou na projeção de vendas por período. 

Independentemente do tipo de negócio, todas as empresas devem operar com um plano mestre de produção. Afinal, é ele que permite uma visão geral da cadeia de produção.

Necessidades de materiais

Depois de finalizar o plano mestre, é necessário criar a lista de materiais, a fim de entender as necessidades de produção e compra de materiais para a finalização de cada item fabricado.

Nesse aspecto, o sistema MRP detecta a relação entre os componentes do produto e calcula exatamente a quantidade ideal de cada um. Assim, o negócio otimiza tempo e recursos. 

Quantidades exigidas

Em seguida, o gestor precisa descobrir qual a real necessidade de cada material adquirido. 

Chamamos isso de Necessidade Líquida, pois representa a quantidade bruta de materiais, exceto aqueles já existentes em estoque, os pedidos de compra pendentes e as ordens de fabricação.

Em suma, para calcular os materiais utilizados na produção de cada item, é preciso seguir as etapas citadas acima. Como uma indústria costuma ter bastante produto em estoque, trata-se de um procedimento demorado e que requer o cruzamento de informações.

mrp como é calculado

MRP é um sistema de gestão?

O MRP é um módulo que pode se integrar com um sistema de gestão denominado ERP (Enterprise Resource Planning).

MRP como parte do ERP

O ERP, por sua vez, é um sistema que integra e gerencia dados e informações dos setores de uma empresa como um todo, desde gestão e finanças até recursos humanos. Dessa forma, o MRP I e II estão inclusos no sistema ERP, como forma de complementá-lo.

Quando devo implementar o MRP na minha fábrica?

De forma geral, a implementação do sistema MRP deve ser priorizada sempre que as fábricas precisam ter maior controle do atendimento de pedidos de clientes, bem como tiverem processos produtivos com média para alta complexidade.

Além disso, quando a empresa enfrenta problemas no controle de matérias-primas, componentes e insumos de produção, desbalanceamento nas quantidades e atrasos constantes nos prazos de entregas, é importante considerar o sistema MRP como solução.

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Conclusão

Nesse artigo, você entendeu mais sobre o sistema MRP e como ele pode ser valioso para o seu negócio. 

Como já deve saber, gerenciar um empreendimento não é tarefa fácil, por isso é tão importante utilizar sistemas de planejamento para otimizar as operações.

Em um mercado cada vez mais acirrado e complexo, qualquer ferramenta que possibilite diminuir as falhas e retrabalhos representa vantagem competitiva. 

Nesse sentido, a integração dos setores da indústria nunca foi tão necessária. Por isso, não perca tempo e comece já a implementar o MRP em suas operações.

 

Sobre o autor:
Lourenço Daudt
Trabalha na engenharia de aplicação há anos visitando fábricas e acompanhando de perto as dificuldades dos operadores no dia a dia. Engenheiro Mecânico (UFRGS), Gerente de Produtos da Antares Acoplamentos e Mestrando em Engenharia Mecânica (UFRGS).